antes de ler esqueça as letras



sábado, 30 de abril de 2011

COISAS ANÔNIMAS de A a Z

Alguém?
bêbado
cantando
desilusões

ensaiando
falas
gritando
horrores

inconsiderado
julgado
levitando
mé

ninguém
oh
para
questionar?

resmunga
sorri
travado
usa
voz
xingada
zé

A quem pertence tudo isso?

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CONDIÇÕES DE USO DA PAIXÃO

ATENÇÃO

-Não é um brinquedo;
-Não expor a chamas, ou calor excessivo;
-Material inflamável;
-Suas micropartículas podem causar sentimentos; 
-Não expor a peso excessivo ou imprimir grande pressão, evitando assim rompimento dos sentidos e a exposição da micropartícula;
-Se rasgar desproteja a boca, nariz, olhos e ouvidos.Pode causar sufocamento;
-Não colocar ao alcance de crianças;
-Em caso de ingestão,  procure auxílio do AMOR;

Validade indeterminada



domingo, 17 de abril de 2011

ALFAIATE

Nas costuras
das roupas
alinho minha vida.  

E o que vinher  há ser depois 
será moda.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

SUJEITO

Eu já quis ser esquecimento.
Sendo assim ninguém me atingiria de lembranças.

Hoje
 só
 me
 lembro,
 o que esqueci.

domingo, 10 de abril de 2011

APANHADOR

Eu adorava guardar poemas no fôlego de minha avó.
 Sempre buscava os prediletos no seu cangote. 
Ela muitas vezes confundia meus versos com suas receitas,
 e fazia bolos de poemas.
 Adorava ninar melodias na cadeira de balanço, 
e os pássaros por sua vez revisavam as canções.

Sempre gentil ao mundo, meu avô guardava nos bolsos dos paletós, poemas de esperança.
Dizia sempre.
 Que tudo um dia terminaria. Que só com o fim, o fim das coisas. A esperança nasceria.

Aprendi a publicar meus poemas,
 nas memórias inventadas, 
no restante 
instante de ser 
esperança.

domingo, 3 de abril de 2011

CORRER

Eu sempre consigo me deixar para trás, quando corro.
Junto o chão. Devoro as ondulações do terreno.
E alcanço lugares que nasceram pelos pés.

Usando-me  das imperfeições dos caminhos, aperfeiçou minha vida.
E consigo sim, ser mais rápido que o mundo.

Eu distribuo bem, meus pés nas pistas.
E só assim, atinjo com facilidade a solidão dos caminhos.

Ao correr descubro que os lugares nunca acabam.
 Que o fim de uma estrada 
pode ser o início, pra quem vem de lá.