antes de ler esqueça as letras



sexta-feira, 17 de julho de 2020

DEVOLVER O QUE SOU





Atravessar 
os
recomeços 

com os pés 

vigiando 
as lacunas
que o mundo 
faz

observar
os
olhos
as
pestanas
na insônia 

o tremendo
instante
refugiado
do inédito

o amor 
não se esconde

o céu 
não se esconde

o vento, 
vigia nossos medos
e quedas

Quem vigiará
a queda dos pássaros,
ao atravessar os recomeços ?

...então nada existirá além dos refúgios,
nada seguirá sem ser notado. 

Os pés vigiam o chão

e o mar devolve sua cor ao céu. 



quinta-feira, 9 de julho de 2020

ACEITAR


  





são obrigações
sãs

se-pa-ra-ção

ser
par

razão

unir, seu lado
para o meu inteirar

aceitar,
recordar

ar

entre

acordar






RITMOS, ALGORITMOS E PRECES






seu silêncio
me falando
me dizendo
me ouvindo 
pela luz silenciosa
da obrigação

Seu silêncio
cantando, invadindo e sacudindo 
meu suor sem voz


terça-feira, 7 de julho de 2020

NAVEGAÇÕES SOBRE ALGUÉM QUE EU AINDA SERIA






o tempo torto
caminha sempre solto

ela desaparecendo em minha imaginação
boto minha emoção na conversa da memória
chego perto
 de minhas verdades
....
laços de um som,
ampulheta remarcando grãos 
duas faces sem ser vista por ninguém,
...
saio de perto de mim
pra encontrar
seu eu
sem fim.




RESTOS DE LEMBRANÇAS (TERRA,CÉU, MAR)




O sol saindo pela terceira vez essa semana, restos de lembranças saboreando a memória de alguém. Trinta e cinco dias e quatro minutos, coisas que a numerologia sabe guardar bem. Leituras em praças. Carros em fugas, cardiais acenando asas na prateleira do céu.
 Alguém em algum lugar, procurando lugar em alguém.Navios atravessando cidades ilhadas de solidão.
Peixes, cobras e pássaros habitando o mesmo lugar no museu.
Sentinelas, salva vidas, seis mãos sacudindo o petisco do bar.
Previsão do tempo, terra em movimento.Receitas, remédios.Rastros de passos na areia do mar. Avenidas, idas e vindas, caminhos que o próprio destino faz. Um cão sem guia beijando a boca da garrafa do chão.Moedas balançando dentro do calção.Seis metros de luz solar. O mar devolvendo objetos. O choro de estréia para a dor. O alvo esperando ser encontrado. Malas vazias de tanto esperar. Sinos aplaudindo o entardecer.
Duas tribos indígenas, namorando o sol da noite,
Luas embriagando mares.Vales viciando um feixe de luz. Duas poltronas cuidando do lar. Um portão cercado de paredes. Dois pés pulando poça  d'água. Vinte militares cantando uma canção pro ar.
 




segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ARMÁRIOS E BOTÕES






tuas
roupas
passarão 
muitas 
vezes 
pelo teu corpo


adquirindo 
de
tua 
pele
tato


observarei
tua
moda

 ...


esperarei
 tua
 nudez
antes de todas as tendências 


olharei sua vida 
desfilar
para
 mim

sexta-feira, 16 de março de 2018

VARIAÇÕES DO QUE NÃO MUDA






o
tempo 
não perde tempo 

envelheço
ao sabor do vento
ao entardecer


amadureço
o hábito
e não esqueço de ser quem eu sou


nas trilhas desse caminho
sem volta

o nada e o tudo
serão
sempre iguais